quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Boa Noite Sinderela

É o nome dado a um conjunto especifico de drogas: calmantes (benzodiazepínicos), lorazepam (lorax), flutnitrazepam (rohypnol) e bromazepam (lexotam).
Esse conjunto de drogas também é conhecido como “rape drugs” (drogas de estupro). Essas drogas têm em comum o efeito depressor sobre o sistema nervoso central, principalmente quando combinadas com bebidas alcoólicas, as quais têm efeito similar.
O nome Boa Noite Cinderela (BNC) é proveniente de golpes, onde, um rapaz ou moça de boa aparência e falante se aproxima – normalmente numa danceteria, bar ou mesmo num restaurante – e puxa conversa.
No final da noite, oferece chiclete, bala ou bebida. Sem que a vitima saiba que ali há drogas, depois de algum tempo, a pessoa cai num sono profundo. Podendo ficar neste estado por mais de um dia, facilitando assim roubo ou estupro.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

­A cafeína



A cafeína pertence ao grupo de compostos químicos chamados metil-xantinas, presentes em uma grande quantidade de alimentos (cerca de 60 espécies de plantas no mundo contêm esses compostos) como café, guaraná, cola, cacau ou chocolate, chás e também nos remédios do tipo analgésico, medicamentos contra a gripe e inibidores de apetite. As xantinas são substâncias capazes de estimular o sistema nervoso, produzindo um estado de alerta de curta duração. É também a cafeína que confere as propriedades características ao café.
A absorção da cafeína no organismo é muito rápida, assim como a sua distribuição, passando rapidamente para o sistema nervoso central. Existe a chamada “sensibilidade à cafeína”, a qual se refere à quantidade necessária dessa substância para produzir os efeitos secundários negativos, tais como perda de sono e aumento da freqüência cardíaca.
A cafeína não representa nenhum valor nutricional para o organismo humano, se restringindo apenas ao seu efeito “excitante”. Todo a ação da cafeína no corpo depende da forma de preparo do produto, da quantidade utilizada e das condições do organismo que a consome, podendo o efeito variar de indivíduo para indivíduo. O corpo humano não necessita de cafeína, embora o seu consumo moderado não esteja associado a nenhum risco à saúde, exceto em algumas situações especiais. Mulheres grávidas, pessoas com problemas cardíacos ou portadores de úlceras estomacais devem reduzir o consumo ou mesmo suprimi-lo. Para crianças, é necessário controlar o consumo, pois quando consumida em excesso, a substância pode levar à redução do apetite. Crianças imperativas devem evitar a cafeína.
Um benefício atribuído ao consumo da cafeína está relacionado à sua capacidade de estimular a lipólise (quebra das moléculas de gordura no organismo), o que, teoricamente, favoreceria o emagrecimento. Porém, essa ação ocorre a um custo elevado para o organismo, com mobilização dos depósitos de gordura fazendo aumentar os níveis da mesma no sangue. Com isso, pode haver elevação do colesterol sanguíneo e, conseqüentemente, aumento do risco de infarto.
A mobilização dos depósitos de gordura pode ser útil para atletas em treinamento intenso, fazendo com que o organismo utilize a gordura como fonte de energia no lugar do glicogênio muscular; com isso, o corpo fica mais resistente à fadiga. Mas, mesmo para esse efeito, as quantidades devem ser controladas devido aos efeitos colaterais.
A cafeína é também diurética, ou seja, aumenta a excreção urinária fazendo com que o organismo perca mais água. Não havendo reposição em quantidade suficiente da água excretada, inicia-se um processo de desidratação, o que pode trazer graves conseqüências ao organismo.
Uma conseqüência negativa do consumo excessivo de produtos à base de cafeína diz respeito à interação dessa substância com a absorção de importantes nutrientes, principalmente o ferro. Estudos mostram que 1 xícara de café (100 ml) é capaz de reduzir a absorção (ou aproveitamento pelo organismo) do ferro em 30%. Assim sendo, o consumo de produtos que contenham cafeína, como o guaraná em pó ou o café, quando utilizados, devem ser ingeridos em horários diferenciados dos horários das principais refeições.
Outras conseqüências negativas do consumo dessa substância são o aumento da freqüência cardíaca (taquicardia) e o estímulo da secreção do ácido clorídrico no estômago (o que aumenta o risco de úlceras). Esses efeitos estão associados a um consumo elevado (acima de 250 mg de cafeína ao dia), mas também pode variar de acordo com a sensibilidade de cada indivíduo.
Novos estudos têm associado a cafeína ao tratamento de algumas doenças, mostrando já haver algum efeito positivo na prevenção do Mal de Parkinson. Também tem sido útil no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção. Outros estudos mostram haver efeito positivo da cafeína na prevenção de câncer de pulmão entre os fumantes.
O consumo freqüente pode provocar dependência moderada e a interrupção brusca no consumo dessa substância pode causar dores de cabeça, sonolência, irritabilidade, náuseas e vômitos.
É uma substância incluída nos regulamentos de dopping de todas as federações esportivas (doses de 12 mcg/ml já podem ser consideradas dopping, o que pode se obtém com um consumo moderado de café).
O Conselho da Associação Médica dos EUA em Assuntos Científicos (American Medical Association on Scientific Affairs) recomenda consumo moderado de cafeína (até 250 mg de cafeína ao dia).
Segue abaixo tabela com quantidades de cafeína em alguns produtos conhecidos.Quantidade média de cafeína para 2 xícaras de bebida preparada:

Café expresso-----------------------------250 a 330 mg
Café descafeinado-------------------------1 a 5 mg
Café tradicional---------------------------40 a 180 mg
Café solúvel-------------------------------30 a 120 mg
Chá preparado----------------------------20 a 110 mg
Chá instantâneo---------------------------25 a 50 mg
Chocolate---------------------------------2 a 20 mg
Coca-cola---------------------------------45mg
Diet Coke---------------------------------45 mg
Pepsi-cola-------------------------------- 45 mg
Refrigerantes diversos -------------------2 a 20 mg

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Entrevista com o médico Nilson Batista


Nilson batista pereira neto , trabalha com dependência química no exercito e fora do exercito já trabalhou na clínica Ricardo e BVG que pertencem ao governo do estado em Valencia, projeto de clínicas populares ( Valencia, Santa Cruz, Barra Mansa) RJ.


GSV:_ Relate um pouco de sua experiência em relação a esse problema no ambiente de trabalho.

Nilson:_ Em relação ao ambiente de trabalho o problema principal é o alcoolismo , muitas vezes o funcionário no meio militar ele já chega embriagado na segunda-feira como em qualquer instituição então é um problema já da sociedade, existe uma precocidade o uso da bebida alcoólica começa em torno de 3 anos de idade induzido pela família são hábitos familiares de dar vinho para a criança dormir, hábitos de molhar a chupeta na cerveja e achar engraçado a criança sair tonta e depois vai pagar mais caro por isso.

GSV:_ Qual sua opinião sobre o suicídio lento ?

Nilson:_ Nós toleramos muito a questão do suicídio lento a pessoa sabe que aquilo esta fazendo mal mas vai entrando por aquele caminho , como cigarro, álcool , e em relação as drogas ilícitas também é comum encontrarmos nos arcos da Lapa crianças de 7 anos , 8 anos cheirando cola.

GSV:_ Existe um certo costume por parte da sociedade de associar o consumo de drogas por familiares a uma possível crise familiar, o que o senhor pensa disso?

Nilson:_ Existe um certo tabu de que a família esta em crise, a família não esta em crise o que esta em crise mesmo é a sociedade tem que botar na cabeça que combater droga não da dinheiro, droga da dinheiro, então é uma questão financeira mesmo . Muita gente ganha com as drogas, muita gente ganha com o álcool, muita gente ganha com o cigarro e em contra partida muitos vão perder, tudo tem um lado bom e um lado ruim quem vai perder é quem usa.

GSV:_ Como o senhor encara as campanhas de combate as drogas ?

Nilson:_ Vou te passar uma experiência que aconteceu no ano passado, chegou um laboratório americano querendo fazer uma campanha junto ao governo brasileiro para que fosse estimulado o uso de medicamentos para inibir o uso de cigarros, pois esse medicamento daria um sucesso de 5% , só que nós temos um resultado muito maior aqui no Brasil que é o patrulhamento que é esse que agente faz com os colegas de trabalho como ‘’ para de fumar, não faça isso’’ isso que as famílias fazem, que agente tem feito dentro da sociedade isso da uma resposta muito melhor que o uso da medicação. Então esse caminho que esta sendo trilhado pelas famílias, pelas empresas, pela sociedade, esse é o caminho perfeito. Nós tivemos uma redução de fumantes no Brasil de 1/3 , graças a isso não graças a medicamento mas ao patrulhamento.

GSV:_ Sobre a Área de Fumante no ambiente de trabalho, qual sua opinião sobre esse assunto?

Nilson:_ Se você suspender pode provocar uma crise de abstinência eu acho que o fumódromo tem uma coisa vantajosa, porque vai fazendo a pessoa paulatinamente deixar de fumar, ela vai sendo , de certa forma discriminada tendo cada vez menos condições menos acessos é melhor do que parar de forma abrupta. Porque a abstinência pode gerar inclusive surtos psicóticos crises muito grandes , isso pode ser uma coisa pior no ambiente de trabalho. É melhor que seja assim mesmo, vai botando a pessoa pra fumar fora do prédio, vai criando dificuldades vai criando barreiras.

GSV:_ Qual sua opinião sobre os afastamentos por motivos do uso de drogas ? E a qualidade de vida atual ?


Nilson:_ Se você pensar na quantidade de afastamento do trabalho por motivos de alcoolismo, cirrose hepatite alcoólica, se você pensar que essa pessoa vai ter expectativa de vida menor e afastamento de trabalho por esse motivo. Você vai aumentar a produtividade e a saúde no trabalho também, se você pensar em relação ao cigarro na questão do enfisema pulmonar dos cânceres isso também vai da uma qualidade de vida melhor a pessoa. Hoje em dia as pessoas estão vivendo mais e com melhor qualidade de vida isso reflete também na produtividade das empresas você vai ter uma família mais saudável. Antigamente tinha pessoas morrendo por causa de cigarro com 35 anos por causa de cigarro, hoje chegam a cerca de 70 anos com uma qualidade de vida bem melhor. Mas pode melhorar.

Também questão de saúde publica com o leito ocupado por uma pessoa com enfisema ela vai ficar ali até morrer. Você poderia usar esse leito para o atendimento de uma infecção, dengue, de um quadro mais agudo. É um leito que é disponibilizado para a sociedade sem contar que a internação prolongada ela é muito cara.


GSV:_ Qual sua idéia sobre a dependência ?


Nilson:_ Existe uma idéia falsa de que o alcoólatra é aquele que cai bêbado pela rua, na verdade a dependência é você conseguir ficar sem , ou não. Se você necessita de uma lata de cerveja no almoço de domingo e não consegue ficar sem aquela única lata de cerveja no almoço de domingo e vai sair desesperado procurando algum lugar que venda, você então é um viciado. Não é a quantidade mais sem se você consegue ficar sem , ou não. Algumas vezes você vai ter um inicio da dependência sem uma conseqüência social, mas também tem os quadros mais extremos onde toda a instituição da família, do ambiente de trabalho, da produtividade vão ser afetados. Vai ter aquela pessoa improdutiva, que ao chegar em casa briga com a família, termina o relacionamento, perde o emprego e acha que não tem mais como se recuperar, mais tem a possibilidade.


GSV:_ Então basicamente existe aquele que consome a droga e pode conviver longe dela e os que já são viciados e sofrem suas conseqüências ?


Nilson:_ O que se tem é a questão se você pode ficar sem aquilo ou só convive com aquilo. A maconha é uma droga que provoca uma dependência química, o álcool é uma droga que provoca uma dependência química. Existem essas variáveis, o seu corpo vai pagar por essa dependência, é possível beber uma cerveja sem ser alcoólatra



GSV:_ Qual sua postura sobre as drogas menos conhecidas mas de efeito muitas das vezes maior do que as ilícitas ?


Nilson:_ Existem drogas que são aceitas até pela sociedade drogas utilizadas em rituais religiosos , a Ayahuasca,o Santo Daime, a Barquinha , e outra União do vegetal. Essas drogas são inclusive aceitas pelo supremo, mas provocam dependência. Ninguém se torna dependente porque quer, ninguém entra nesse caminho pra ficar dependente mais sim por curiosidade. Se você encontra drogas na mochila de teu filho e você quer dialogar e ele não quer é necessária a internação ou você vai perder teu filho para o tráfico?


GSV:_ A mídia propaga contra informação ?


Nilson:_ Exatamente, eu vou passar pra você que a maconha faz mal e ai a revista tem uma folha de maconha na capa mais diz que cigarro mata mais que a maconha então o cigarro é mais perigoso que a maconha isso é contra informação, se você pensar de uma forma diferente nos países da Oceania cerca de 2 mil turistas morrem vitimas de coco que cai na cabeça, ele ta embaixo do coqueiro e cai um coco na cabeça dele. Em contra-partida ninguém morre por explosão de bomba atômica, isso significa que o coco é mais perigosa que a bomba? É porque não estão soltando bombas atômicas por ai. Se você liberar o uso da drogas se aceitar esse uso com facilidade , naturalmente vai ter mais casos de depressão , mais casos de acidentes de trabalho, mais famílias destruídas, uma destruição da vida social dessa pessoa.


GSV:_ Qual foi a experiência mais marcante na sua vida profissional quanto a esse assunto?


Nilson:_ O que mais me chocou foi quando eu trabalhava no hospital geral de Jacarepaguá , e tinha um senhor sentado na cama com um problema de enfisema ele tinha cerca de 60 anos ele tentava respirar não conseguia não adiantava agente botar oxigênio porque na verdade o problema dele não era esse, era falta de pulmão que tinha sido destruído por causa do cigarro e ele comentava que achava melhor ter bebido do que ter fumado porque não estaria nessa situação e ai mostrei a ele um senhor que estava deitado no leito ao lado em coma com cirrose alcoólica e disse “Esse ai bebeu” e comentei que era melhor não ter bebido nem fumado, ele concordou. No plantão seguinte os dois já haviam falecido.


GSV:_ O que diria a uma pessoa que pensa em experimentar algum tipo de droga?


Nilson:_ Primeira coisa é saber o porque da pessoa precisar daquilo o que esta levando a ela a procurar aquilo. Se for por problemas, eles existem pra ser resolvidos não parar ser agravados, as drogas não resolvem problemas.


GSV:_ O que você diria sobre a pessoa que bebe e diz que bebe mesmo, que fuma e fuma mesmo.


Nilson:_ O mais difícil é a contra informação , ele vai ter muitos argumentos contra você mais ai tem de mostrar a realidade que ele não quer enxergar. Porque isso vai prejudicar ele, vai prejudicar a guarda de um filho, causar um acidente de transito, o que é ruim vai se tornar pior.


GSV:_ Qual a sua opinião sobre as pessoas que afirmam que usa algum tipo de droga, (maconha, por exemplo) e relata que não há nenhum problema nesse hábito?



Nilson:_ Você tem que saber o que ela esta querendo , se quer retirar a culpa dela ou quer divulgar as drogas. Tem um deputado do partido verde que ele faz uma apologia muito grande ao uso da maconha só que a maconha tem uma substancia muito forte.


GSV:_ Para encerrar, poderia fazer alguma conscientização final?


Nilson:_ Eu acho que vocês deveriam continuar orientando os amigos, colegas de trabalho, dentre outros. Esse patrulhamento é muito importante não adianta esperar soluções miraculosas de fora. Porque a sociedade esta sendo agredida constantemente é um erro dizer que a familia esta em crise, não esta, hoje em dia tem um dialogo maior basta aproveitar.


GSV:_ O Grupo Saber Viver agradece a oportunidade.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Como os funcionários se livram das drogas



"Aqui não temos problema com drogas. Não precisamos de nenhum projeto de prevenção e tratamento." Essa é a frase ouvida com bastante frequência pelos profissionais envolvidos na implementação de programas de prevenção e combate ao uso de drogas em empresas.
Se o assunto é tabu em qualquer lugar, no ambiente de trabalho então ele adquire proporções quase demoníacas. "O consumo de drogas é presente, vem aumentando na sociedade como um todo, e as empresas não estão fora disso", diz o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Conselho do Grupo de Estudos de Álcool e Droga da Faculdade de Medicina da USP.
Mas essa realidade é difícil de ser identificada porque, no trabalho, os efeitos das drogas, que envolvem queda na produtividade, absenteísmo e falta de motivação, muitas vezes passam despercebidos. "Aparentemente, aos olhos dos colegas e dos superiores, os usuários estão com a situação sob controle", diz Guerra.
A primeira e única pesquisa sobre drogas feita no Brasil, de 2001, em que o Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), da Unifesp, entrevistou 8.589 pessoas de 107 cidades do país, registrou a dependência de álcool em 11,2% dos entrevistados. Essa também é a droga que mais problemas causa dentro das empresas, seguida pelo tabaco, pela maconha e pela cocaína, diz Guerra.
"O grande problema é a empresa não aceitar que o consumo de drogas existe em qualquer setor social e que o ambiente de trabalho não está imune", reclama a assistente social e especialista no assunto Leda Ribeiro, que coordena o programa cujo know-how está sendo exportado pelo Brasil para Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. Trata-se do Programa de Prevenção ao Uso de Drogas no Trabalho e na Família do Sesi-RS, desenvolvido em parceria com o Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crime (Unodc). A idéia original veio da Noruega, em 96, e foi adaptada à realidade brasileira. Seu maior mérito, segundo Giovanni Quaglia, do Unodc, é que o funcionário se transforma no principal agente modificador da relação da empresa com as drogas.
Antes mesmo do médico, do assistente social e do psicólogo, é ele quem vai, uma vez orientado por essa equipe multidisciplinar, identificar e "educar" quem está envolvido com drogas.
O programa prevê ainda apoio psicológico dentro ou fora da empresa, o qual pode ser estendido para a família, garantia de que não haverá demissão do funcionário e, além disso, ninguém é forçado a aderir ao programa.
A dependência -independentemente da droga- não elege cargo ou função. "De diretores a auxiliares, todos podem ter problemas", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeiras, coordenador da Unidade de Álcool e Drogas do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), da Unifesp. Mas quem exerce cargos gerenciais, portanto desempenha papel de líder, tende a se esconder mais, a ficar distante dos programas oferecidos.
"Há o medo de que a equipe comece a desrespeitá-lo", diz Edméia de Oliveira, psicóloga da Infraero, uma das empresas que enfrentou casos de dependência química entre gerentes.
Na Avon, o gerente de produção Nilson Wendland atua como um dos agentes modificadores. Passou por um treinamento para identificar precocemente casos de dependência química. Assim, ele observa, entre outros fatores, o rendimento dos funcionários, o índice de faltas, seu comportamento e suas reações emocionais, por exemplo. "Se notamos algum problema, perguntamos, de forma sutil, como está o dia-a-dia dele no trabalho, se há algo que possamos fazer", diz Wendland.
Isso reflete uma mudança significativa de abordagem. Há dez anos, o assistencialismo e o tom acusatório imperavam. Hoje, falar de drogas em empresas é mais fácil, no caso das que incluem o assunto nos seus programas de qualidade de vida, explica o psiquiatra João Carlos Dias, coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria.
"Dentro desse conceito moderno, o funcionário assume a responsabilidade sobre si. E os temas álcool, tabaco e drogas ilícitas entram no rol dos problemas de saúde, dividindo espaço com programas de combate ao estresse e de prevenção ao câncer de mama, por exemplo", diz o médico.
Para Arthur Guerra, é evidente o progresso das empresas. "Não podemos negar que há a dificuldade em aceitar o problema. Mas hoje temos exemplos que provam que a interferência da empresa é indispensável; e não se trata de benemerência, mas de pensar na relação custo-benefício: sai mais barato orientar e tratar o funcionário do que demiti-lo."

(Folha de S. Paulo - 13/03/03)


segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Nota de esclarecimentos

O Grupo Saber Viver, gostaria de esclarecer de forma breve o motivo da demora na atualização do blog. Por problemas internos que não vem ao caso, incluindo a saída de um membro do Grupo, foi necessário um tempo para reformulação e reorganização do blog. Queremos deixar claro que o blog, que esta nos ultimos ajustes, estará voltando a ter atualizações o quanto antes, sem perder a qualidade. Estamos abertos a debates portanto dúvidas opniões e coisas do gênero serão sempre bem-vindas.

O GSV agradece as visitas e os comentarios.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Entrevista com o técnico de segurança do trabalho e Pastor da ICAP (Igreja Cristã Apostólica) Marcelo Cabral



GSV: _ Em primeiro lugar gostaríamos que o senhor se apresentasse, falando sobre suas atividades profissionais.

Marcelo: _ Meu nome é Marcelo Cabral, eu sou técnico de segurança do trabalho, trabalho na área como coordenador de uma equipe multidisciplinar, composta de técnicos, médicos, engenheiros, psicólogos, assistentes sociais, em uma empresa vinculada ao governo federal.

GSV:_ Qual a relação entre a atividade de técnico de segurança do trabalho, e a questão do uso de drogas no ambiente de trabalho?

Marcelo: _Eu creio que o técnico pode trabalhar, próximo dos profissionais de saúde, dos médicos do trabalho,dos psicólogos. Estabelecendo programas voltados para esse público, para esses trabalhadores que possam, ser dependêntes químicos e que muito preocupam pois acabam levando para seu ambiente de trabalho, essa realidade particular que pode resultar em experiência de acidentes, lesões graves.

GSV:_ Na empresa onde o senhor trabalha existe alguma política de combate e prevenção ao uso de drogas?

Marcelo:_ Sim nós temos um programa para dependêntes químicos que é coordenado pelos médicos da empresa e pelo corpo de psicologia, esse programa, dá assistência a trabalhadores da empresa que possivelmente sejam dependêntes químicos. Eles procuram por iniciativa própria, a empresa divulga esse programa, e aqueles trabalhadores que sentem o desejo procuram a coordenação de segurança do trabalho e lá eles tem esse apoio, que consiste em apoio psicológico médico.

GSV:_ O senhor acredita que drogas lícitas; como tabaco e álcool, possam vir a ser um risco no ambiente de trabalho?

Marcelo:_ Eu acredito que sim, não tanto quanto as ilícitas, mas podem influenciar possíveis riscos para os próprios trabalhadores que fazem uso, por exemplo: uma pessoa que fuma e trabalha com produtos inflamáveis, em descuido, poderia causar um acidente de proporções incalculáveis, por ser um vício, por ser um comportamento repetitivo que muitas vezes é repetido de forma mecânica, que se faz sem pensar no que se está fazendo.

GSV:_ No seu local de trabalho existe alguma campanha de combate ao tabagismo?

Marcelo:_ Sim, temos um programa na empresa chamado; “Apague essa Idéia” onde os trabalhadores são estimulados a entrar nesse programa de forma voluntária e a empresa oferece à eles um medicamento específico que foi selecionado dentre os outros que existem, pelo corpo médico da empresa, então esse medicamento é fornecido ao colaborador gratuitamente, além do acompanhamento psicológico médico e de assistente social. É feito um trabalho em grupo onde eles contam suas experiências, falando de quais tem sido suas maiores dificuldades e o que eles tem enfrentado.

GSV:_ O senhor conhece o programa das nações unidas e da OIT; “Ambiente de trabalho livre de drogas”?

Marcelo:_ Não conheço o programa com profundidade, conheço a temática do programa; os médicos da empresa conhecem com mais profundidade, mas eu conheço o tema e sei da preocupação da organização em fazer com que cada vez menos um número menor de pessoas estejam dependente de drogas de qualquer natureza. Até por que essa questão gera custos altos para os governos mundiais.

GSV:_ O senhor acredita que exames toxicológicos pré admicionais e pois admicionais possam ser um instrumento legítimo para o combate e prevenção do uso de drogas no ambiente de trabalho?

Marcelo:_ Eu acredito que sim, mas não sei que amparo legal teria esse tipo de programa, não sei se há legalidade para que as empresas incluam exames toxicológicos, nos exames admisionais . Não sei se é legal porque a pessoa teria violado o seu direito a privacidade.

GSV: _Como a sua empresa age quando constata um caso de dependência química?

Marcelo: _Sempre é uma questão muito delicada, mas a empresa, como ela possui um programa para dependência química, quando esses casos vêm à tona, essas pessoa são encaminhadas para o programa de dependência química, e são acompanhadas. Uma coisa que é muito gratificante e recompensadora, é que quando há uma predisposição desse colaborador a viver esse programa, se vê as conseqüências disso na própria família, em muitos casos se constata o ambiente familiar reconstituído, o laço familiar refeito, então é muito recompensador.

GSV: _ Alem de técnico de segurança do trabalho, o senhor é pastor de uma Igreja, o senhor acha que a Igreja tem um papel fundamental e decisivo na recuperação de dependentes químicos também?

Marcelo: _Não sei se eu usaria essas palavras , fundamental e decisivo, mas eu creio que seja sim responsabilidade de Igreja, ela não pode de esquivar desse papel e que de alguma forma, apesar dos desafios financeiros, é de sua responsabilidade implantar programas, com gente capacitada para estar à frete desses programas, porque a Igreja tem que parar de amadorismo, de fazer experiências com situações como essa, porque nem sempre os pastoras estão capacitados profissionalmente, embora muitos já estão fazendo ou já fizeram psicologia, então a Igreja tem sim seu papel e uma responsabilidade social nesse sentido. Mas repito isso tem que ser feito por pessoas preparadas para lidar com o dependênte químico e esse programa também tem que abranger a família desse dependênte, porque atrás de um dependênte químico sempre existe uma família com o coração dilacerado.

GSV: _ Em uma das nossas últimas postagens no blog houveram comentários, dizendo que não adianta trazer informação à tona, porque o dependênte químico não estaria interessado no assunto, qual sua opinião a respeito disso.


Marcelo: _Eu acredito que toda informação é relevante, eu acho que só o fato disso estar sendo discutido em um espaço como a internet, onde qualquer pessoa com acesso a rede pode ter acesso a essa informação já torna isso relevante. De fato que acho que o dependênte químico está sob o domínio ou como a própria palavra já diz; ele esta na dependência de uma substancia química, então não seria um simples texto, não seria simplesmente conhecer o assunto que o despertaria para a recuperação, mas saber que esse assunto não é mais tratado, com preconceito, com discriminação, com falta de amor, saber que existe um espaço que trata isso com seriedade, podendo estimulá-lo sim, a querer buscar ajuda.

GSV: _ O senhor gostaria de deixar alguma mensagem para aos internautas?

Marcelo: _Gostaria de falar da validade dessa proposta, creio que toda proposta que objetiva tratar de assuntos que as vezes nós tentamos ocultar, esconder, fazer de conta que não existe, eu creio que pela proposta em si vale a pena acessar, eu parabenizo vocês que tiveram essa iniciativa de criar um espaço como esse e digo que, pode até parecer que uma informação como essa possa não ter validade, mas acredito que não podemos deixar de lançar as estrelas no mar quando a maré baixa... Eu creio que se mais pessoas decidissem entrar em cena ao invés de serem meros espectadoras a realidade poderia ser diferente.

GSV: _O grupo Saber Viver agradece.

Marcelo: _Eu que agradeço a oportunidade.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Entrevista com a psicóloga Patrícia Mondarto



GSV Em primeiro lugar, gostaríamos que a senhora se apresentasse , falando da sua relação profissional com a questão da dependência química.

Patrícia: Meu nome é Patrícia Mondarto, eu sou psicóloga e coordeno uma enfermaria no Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, chamada Serviço de Atenção ao Usuário de Álcool e Outras Drogas e faço a assessoria da coordenação da área de saúde mental.

GSV: Por favor relate sua experiência em tratamento de usuários de drogas:

Patrícia: Vou falar da minha experiência aqui no HPJ. Hoje em dia a política do ministério da saúde, é uma política de redução de danos, ela não preconiza a internação, principalmente a internação em hospital psiquiátrico; nos somos o único hospital público que tem uma enfermaria destinada a essa clientela. Isso vale a pena esclarecer, pois não é uma contradição à política do ministério da saúde. Nessa enfermaria não trabalhamos com desintoxicação ou tratando de abstinência, esse não é o nosso objetivo, isso é feito em outros hospitais do município de Niterói, na maioria das vezes no Azevedo Lima, que é um Hospital estadual, também CPN que um municipal ou Antonio Pedro. Nós trabalhamos em retaguarda ao CAPSAD (centro de atenção e psicossocial de álcool e drogas) aos ambulatórios e de uma forma disparadora de inserção de tratamento. Quando eu digo retaguarda, falo, que algumas pessoas interrompem tratamento, não conseguem interromper seu uso de álcool e drogas, estão em situação bem precária, onde um atendimento ambulatória não daria conta, então a internação entraria como uma possibilidade de corte de uso e reinserção no tratamento, ou seja, é basicamente um construção de demandas de tratamento.

GSV: Qual seria o período máximo de internação ?

Patrícia: Não há um período Máximo, nós não trabalhamos com tempo fixo. O que posso te dizer é que temos uma média de internação de dezoito dias; isso é apenas uma média, porque atrás de casos de dependência química, muitas vezes temos outras psicopatias, portanto, muitas vezes se começa uma internação com um caso de uso de drogas e se constata outros problemas e essa internação acaba se estendendo.

GSV: O interno, dependente químico, ele fica junto com outros pacientes com outros problemas?

Patrícia: Não essa enfermaria é específica para usuário de álcool e drogas.


GSV: Qual é a rotatividade aqui da enfermaria?

Patrícia: Esse serviço de internação existe desde de 1997, no início ele foi fundado para trabalhar com intoxicação aguda e abstinência, e só se tratava isso. Então era uma rotatividade alta. Quando começamos a trabalhar com um olhar mais ampliado, de construir uma demanda de tratamento, de entender qual é a função da droga na vida daquela pessoa, tentando ir no que há de particular, que é diferente do que se faz nos grupos de mutua ajuda (AA, NA) e nos centros de recuperação, que tem como enfoque os doze passos e falando de uma forma mais psíquica, tendem a criar uma identidade coletiva, ou seja, eu sou alcoolista, então eu passo a ser o dependente químico ao invés de ser o João, a Maria.
O trabalho que nós tentamos fazer na internação é o contrario, nós tentamos buscar a individualidade de cada um para entender qual é função da droga na vida daquele indivíduo, na verdade nos interessa os pacientes que não se adéquam ao AA ou NA, sem no entanto criar uma rivalidade com essas entidades. Então a internação serve para dar um pontapé inicial para a resolução desse enigma, dessa pergunta, “Qual a função da droga para o indivíduo? “

GSV: Qual a abordagem ou linha teórica usados no tratamento aqui n HPJ ?

Patrícia: Psicanálise. Isso não significa dizer que a gente não respeite os outros trabalhos. Por exemplo: Toda quarta-feira pela manhã o grupo do AA vem à enfermaria e apresenta o trabalho para os pacientes. Participar ou buscar o AA depois, é uma decisão do paciente, não é uma indicação nossa. Volto a dizer a gente tem interesse maior nesses pacientes que não se adéquam a esses tratamentos que se tem hoje disponibilizados, a nós interessa pessoas que estão com os laços sociais rompidos, que estão com os vínculos familiares rompidos, que estão a deriva, cujo objetivo é só se drogar.

GSV: Como à senhora vê o resultado desse trabalho?

Patrícia: Nós vemos uma boa adesão ao trabalho do CAPS do ambulatório, durante a internação a gente já começa o trabalho de parceria, para, onde esse paciente vai ser encaminhado, depois de encaminhado, eles voltam pra dizer se chegou, se esta bem, então esse é o retorno, que nós temos então ha um nível de adesão significativo, isso não quer dizer que não haja reinternações e recaídas; não se pode trabalhar com essa clientela com uma exigência ou uma expectativa muito alta. É uma clínica onde a frustração é presente, onde a recaída existe e isso faz parte de um percurso.

GSV: Qual a sua opinião sobre aos grupos anônimos Na, AA, grupos que usam os doze passos como base para a recuperação?

Patrícia: Acho que são grupos de auto ajuda , que funcionam para algumas pessoas, mas não para todas; acho que tem função, que são importantes, mas o trabalho deles remete a algo coletivo.

GSV: Na sua opinião qual é a maior dificuldade no tratamento do usuário de drogas, do dependente químico?

Patrícia: Eu acho que são inúmeras, começando pela nossa cultura, e pela nossa própria história. Se você parar para pensar, antigamente o álcool era o grande problema, então existe toda uma questão cultural na qual agente acaba menosprezando , hoje em dia temos uma cultura onde tudo pode; se drogar é quase um imperativo da vida moderna, para cuidar de prevenção, informação é sempre bem vinda.

GSV: A senhora acredita que há vontade política no Brasil para prevenção e combate a uso de drogas?

Patrícia: Eu acredito na política de saúde. Acho que temos programas de saúde de fato, muito bons, acho que o SUS é muito bom, mas se pensarmos em termos de municípios e estados, acho que há muita dificuldade. Hoje o ministro da saúde é um técnico que sabe do que esta falando, mas o ministério da saúde não é o ministro. Política de saúde se faz com, educação, cultura, lazer, principalmente em saúde mental. A saúde sozinha não vai dar conta do adolescente que esta fumando crack , cheirando cola, a saúde só vai dar conta, quando tivermos uma assistência social adequada, uma educação adequada etc...

GSV: Em uma de nossas últimas postagens, tivemos comentários, dizendo que trazer informação não adiantaria de nada, pois o dependente não estaria interessado. A senhora acha que trazer a tona um debate sobre o assunto é relevante?

Patrícia: Sim o debate sempre ajuda, não é só uma questão de informação, mas a informação faz parte, mas sozinha não da conta disso.

GSV: A senhora tem alguma experiência relevante, que gostaria de relatar?

Patrícia: Na verdade estávamos a bem pouco tempo com uma pessoa de vinte e poucos anos, usuário de cocaína, que estava a poucos meses usando crack, que ao contrário do que nós vemos na literatura, o crack entrou fortemente mas de uma forama diferente do que se esperava no Estado, a abstinência na prática é diferente do que se vê nos livros, as coisas tem se dado de uma forma muito diferente no que a gente vê no dia a dia e eu acho que a gente tá muito perdido no tratamento do cack.
Nesse caso era um menino jovem, que já tinha cometido vários delitos, dentro e fora de casa, ficou internado em torno de vinte e seis a vinte sete dias e eu me lembro muito bem, por ser uma pessoa tão jovem que começou o uso tão cedo de uma forma tão avassaladora. Tivemos que fazer um trabalho de orientação familiar difícil, mas muito bom, porque essa mãe pôde suportar dizer não para esse menino, mesmo que dizer não fosse não deixá-lo entrar em casa, e a gente pôde contar com um projeto social ligado ao esporte, que também convocou esse menino, não só para o esporte, mas como para o trabalho. Então é uma pessoa que esta em tratamento no ambulatório, que sempre liga e da noticias, que eu considero que tenha sido um trabalho bem sucedido, não só porque ele tenha parado, mas pela interface de ações, da saúde com o projeto social, de uma ONG na época.

GSV: Além do CAPS, o paciente é acompanhado aqui?

Patrícia: Depende do caso; nós temos cinco ambulatórios todos são regionalizados; então o paciente é encaminhado para o ambulatório mais próximo da sua casa, e quando o paciente não tem ainda uma vinculação com o ambulatório nós marcamos um retorno aqui para o hospital.

GSV: O que a senhora diria para uma pessoa que esta pensando em usar drogas?

Patrícia: Nada, eu acho que agente vive em um país livre, acho que não é o meu papel fazer terrorismo; que eu chamo de terrorismo? Não pode fazer isso! O resultado do não e do sim dependendo do tom que ele seja dito o resultado é igual.

GSV: Cresceu muito o uso de crack no Rio de Janeiro?

Patrícia: Muitíssimo! Agora o surpreendente é que pessoas que estavam habituadas a usar outros tipos de drogas e começam a usar o crack, estão também assustadas. Nós recebemos usuárias de cocaína de longa data , que ao começar a usar o crack se assuntam e vêem logo a necessidade de tratamento.

GSV: Existe uma cultura que diz que a maconha é uma droga natural, que não faz mal, o que a senhora tem a dizer a respeito?


Patrícia: Isso é uma grande bobagem, ou nós falamos de droga e inclui todas as drogas ou nós vamos ficar classificando: Preto, branco, amarelo, roxo _ droga é droga, a escolha da droga não depende da força da droga, não existe remédio fraco, nem remédio forte, nem droga forte, nem droga fraca. A questão é como isso interfere na sua vida, não importando se é o álcool ou a maconha se é o cigarro se é o remédio em excesso, o que importa é o tipo de relação que se tem com aquela droga.

GSV: É possível fazer uso de cocaína ou de crack sem, se ter uma relação doentia com a droga?

Patrícia: Existem pessoas que são usuárias mas continuam funcionais, não deixam de trabalhar, não deixam de ter vida familiar, não deixam de ter vida social.

GSV: A senhora gostaria de deixar alguma mensagem para o internauta?

Patrícia: Sim , ficar ligado, fazer o que seu desejo mandar, com consciência e responsabilidade, porque eu acho que o melhor que agente tem da vida é poder viver responsavelmente, e responsavelmente não é careta, é viver sem culpa mas com responsabilidade.

GSV: O Grupo Saber Viver agradece a entrevista.

Patrícia: Eu que agradeço! Espero poder ter contribuído.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

ENTREVISTA COM O ENFERMEIRO BRENO MAGALHÃES BASTOS


GSV: Gostaríamos que o senhor se apresentasse falando das suas atividades profissionais?

Breno: Sou um enfermeiro formado a 5 anos pela Escola de Enfermagem Anna Nery, que atualmente pertence a Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ)
Dentro de todo programa curricular e extra curricular oferecido pela universidade eu tive uma experiência muito significativa dentro de um núcleo específico chamado CEPUAD. Depois que me formei tive algumas experiências na área de saúde mental trabalhando em alguns manicômios, mas eu gosto mesmo é de sala de aula, formando agente de saúde e tecnico de enfermagem. Estou me preparando atualmente para mestrado em filosofia e posteriormente um doutorado .

GSV: Que tipo de trabalho era feito nos locais onde você trabalhou com relação aos dependentes químicos?

Breno: Dentro do CEPUAD(centro de estudos e prevenção ao uso e abuso de drogas) basicamente se fazia era relatórios a respeito do estado clínicos dos jovens, era uma espécie de prestação de contas ao juiz, uma vez que o juiz indicava o jovem ao CEPUAD o CPUAD relatava periódicamente o estado desses jovens ao juiz competente.

GSV: Qual sua opinião a respeito da marcha da maconha?

Breno: Na da filosofia eu vou trabalhar dentro do campo da ética. A ética é meu campo de pesquisa, uma discussão presente dentro da filosofia que vai de Platão até Kant é que uma ação só tem validade a partir do momento que se tenha a capacidade de escolher, se você não tem capacidade de escolha essa ação não é moral, nesse sentido quando me perguntam sobre a marcha da maconha, quando me perguntam sobre a marcha que fazem sobre a eutanásia,sobre o aborto, eu serei sempre favorável, por que acredito na capacidade do homem de escolher,não vejo moralidade quando não se dá a capacidade de escolha. Ética para mim é uma tomada de consciência sobre o que se pode fazer com a vida. Dentro da ética estudo muito os estóicos, mas admiro também o movimento cínico. Alguns historiadores dizem que o cinismo ajudou na estruturação do pensamento Cristão, Cristo seria um jovem judeu cínico, a característica básica do cinismo seria a tentativa de sobrepujar as regras sociais, tentando estipular um novo ethos, um novo código de ética além das convenções socias. Então quando se fala em capacidade de escolha eu acho super positivo esse tipo de marcha que vem tentar quebrar alguns tabus.

GSV: Qual seria o melhor modelo de combate e prevenção, seria o coersitivo ou seja predendo, punindo ou um modelo baseado no diálogo e na informação?

Breno: A pergunta que se faz em filosofia é se o bem para ser o bem ele precisa ser imposto ou pode ser construido um conhecimento em relação a isso? Isso remete a questão da criminalização da droga. Ou seja será que a melhor maneira de combater a droga seria prendendo punindo ou se poderia fazer isso através de uma tomada de consciência fruto de uma discussão sobre o assunto?Quando se cria uma lei um cliché desse tipo apenas se reduz o problema e da para construir uma coisa muito maior por traz que merece ser discutido

GSV: Na última postagem em nosso blog houve alguns comentários em dizendo que não adiantaria públicar matéria conscientisadoras, por que o dependente não estaria nem aí para o debate, qual sua opinião?

Breno: Existe um livro muito bacana de uma autora chamada Júlia Sissa que faz uma abordagem filosófica sobre o uso das drogas e um dos trechos que eu acho muito interessante de Sissa fala sobre o diálogo de Filebo "aquele que goza não sabe que não goza", que gozo é esse que o usuário de drogas possui? Que tipo de prazer poderia compessar o uso? A filosofia e o debate são importantes na medida em que trazem questionamento. Questionando inclusive sobre a qualidade devida. Então trazer matérias sobre o assunto é de fato relevante para o debate.

GSV: O grupo GSV agradece a entrevista!

Breno: Eu é que agradeço!

sábado, 12 de julho de 2008

Estudos recentes sobre a maconha.

Alguns vídeos de alerta!



O problema do uso de drogas sintéricas No Brasil aumenta a cada dia. A questão é : Existe uma maneira segura de usar drgas?

Proximas postagens trarão mais vídeos onde mostraremos a realidade, e a reposta par o nosso projeto virá do seu comentário, participe!

Lembre-se , essa é uma qustão de saúde pública, das maiks graves do Brasil, ajude-nos a alertar, e prevenir.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

ÊXTASE




É um derivado sintético da anfetamina, conhecido como 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA). Também é conhecido como “ecstasy”, “XTC”, “Adam” e “droga do amor”. Pode ser classificado como um psicoestimulante, semelhante a anfetaminas e cocaína, como também ser agrupado com os alucinógenos, devido as alucinações e “flashbacks”, se usado em doses muito altas. Foi sintetizado na Alemanha, em 1914, como moderador de apetite, mas nunca foi comercializado. Na década de 70, essa droga era usada para fins de tratamento psicoterápico, mas o seu uso se tornou abusivo mostrando lesões nos neurônios, e com isso passou a ser uma droga proibida.


É consumido por via oral, em comprimidos, encontrado em várias cores, desenhos e tamanhos, e em cápsulas gelatinosas contendo 50-150 mg de substância ativa, ou misturado em sucos de frutas ou em outras bebidas. Também é utilizado por via intra-nasal, em forma de pó. Alguns preparados feitos na rua podem conter também cafeína, LSD, anfetamina entre outras substâncias alucinógenas.


Jovens e adolescentes fazem uso “recreacional” do êxtase associado ou não a outras drogas e bebidas. Usam para se sentirem mais desinibidos, simpáticos, próximos e íntimos das pessoas ao redor. Procuram alegria, euforia e energia. O uso ocorre principalmente nos fins de semana, nos clubes de dança ou festas, onde multidões dançam vigorosamente. As sessões de dança, que duram a noite toda, são chamadas de “raves”. Estas festas com multidões de pessoas, altas temperaturas ambientais e muito barulho, podem propiciar ao usuário do êxtase desmaios e convulsões enquanto dançam; e em casos mais graves, até a morte.


Os efeitos aprecem de 20 a 60 min. Após a ingestão de doses moderadas da droga (75-100 mg.), durando 2 a 4 horas. Em doses baixas pode ocorrer: taquicardia, hipertensão (pressão alta), tremores, trismos ou bruxismo (rigidez na mandíbula), diminuição do apetite, insônia, náusea, cefaléia (dor de cabeça) e sudorese. A maioria dos efeitos desaparecem em 24 horas.


Em casos de overdose, com uso de até 42 cápsulas, podem ocorrer arritmias cardíacas, taquicardia, palpitação, hipertensão arterial seguida de hipotensão, hepertermia fulminante (acima de 42ºC), coagulação intravascular disseminada, insuficiência renal aguda, hepatotoxicidade e morte. O tempo estimado entre o uso e a morte varia de 2-60 horas dependendo de cada indivíduo. Alucinações visuais semelhantes ao alucinógeno mescalina podem ocorrer. Aumento da acuidade para cores, luminescência de objetos, além de dormência e formigamento nas extremidades também estão presentes. As psicopatologias associadas ao uso do êxtase podem ser: -Agudas e acontecem até 24 horas após a ingestão, incluem ansiedade, insônia, flashbacks, ataques de pânico e psicose; -Sub-agudas, de 24 horas até um mês após o uso e incluem depressão, tonturas, ansiedade e irritação; -Como complicações crônicas, após um mês de uso, podem aparecer: distúrbio de pânico, psicose, depressão, flashbacks e distúrbios da memória. O êxtase a longo prazo causa toxicidade em neurônios serotonérgicos, incluindo danos permanentes no Sistema Nervoso Central, cérebro, e desordens neuropsiquiátricas. Os efeitos residuais, que podem persistir por até 2 semanas incluem: insônia, fadiga, tontura, dores musculares, depressão, ansiedade, pânico e flashbacks.




O ÊXTASE CAUSA DEPENDÊNCIA?




Sim. O êxtase é considerado uma droga, que leva a dependência fisiológica e psicológica pois: induz tolerância, é usado em doses maiores do que o planejado, é usado apesar de se ter conhecimento dos efeitos adversos e, produz ressaca após o uso caracterizada por insônia e cansaço.


Amigos e parentes devem providenciar para que o usuário: -Tome bastante líquido para rehidratar o corpo. -Use goma de mascar para ajudar na articulação da boca e aliviar o bruxismo. -Mantenha a temperatura do corpo resfriada, para isso aconselha-se não dançar, e se for o caso retirar a roupa, e deixá-lo em ambiente com ar condicionado. O tratamento médico pode necessitar de: -Lavagens gástricas para desintoxicar o organismo. -Em casos de convulsões, tratamento com anticonvulsivantes ou sedativos.
Fonte:

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Responsabilidade e solidariedade


Trabalho e toxicodependência
A toxicodependência pode prejudicar o trabalho (absentismo, acidentes, baixa de produtividade, confiituosidade, imagem ... ). O mundo do trabalho pode contribuir para a toxicodependência. Trabalho pobre, trabalho rico, inadequação do trabalho, ausência de trabalho, má gestão do trabalho, stress. O trabalho tem riscos para a saúde física e mental. Por estas duas razões, e por causa da tal responsabilidade de que tanto falámos, as organizações de trabalho e as pessoas que aí estão devem fazer qualquer coisa. Dever ... e querer. Dever ético. Querer, porque sabemos que poder não chega. E porque querer é poder. Por nós próprios, pelos nossos trabalhos e pelos nossos filhos, devemos todos fazer qualquer coisa.
A maioria das pessoas com problemas de consumo de álcool e drogas trabalha. Alguns trabalham de forma "especial", mas trabalham. Por vezes a sua família está desorganizada e os "amigos" vivem também no mundo da droga. O trabalho acaba por ser a única ponte com o mundo da vida sem drogas. Por isso, encontrar estas pessoas em contexto profissional é uma oportunidade para ajudar. Como? Não fingindo que não vemos ou que não é nada connosco (a tal responsabilidade).
Fazer o quê? Ser humano no trabalho é o princípio. Não devemos estar no trabalho como meros instrumentos ou peças da engrenagem. Devemos ser humanos e tratar os outros como seres humanos. Estar atento a todos os colegas, em especial aos desadaptados, aos que parecem não estar bem. Dar a mão. Às vezes basta um pouco de atenção, uma palavra, uma ajuda. Não piorar as coisas com "bocas" ou ignorando certas pessoas. Quando estamos seguros que há colegas com problemas, confrontar abertamente. Dizer-lhes que sabemos do seu problema e motivá-los para se tratarem. Transmitir a esses colegas confiança na sua recuperação e não os pôr de lado quando eles voltam depois de uma "cura".
Mas o desafio maior que se pode lançar ao mundo do trabalho é a prevenção. Devemos procurar informação. Devemos formar-nos. Divulgar informação no seio da empresa. Falar destas coisas, organizar um grupo de discussão e de gestão do problema na empresa, na Comissão de Trabalhadores ou no Sindicato. Procurar consultores especializados que ajudem o nosso grupo a funcionar e a produzir trabalho. Contactar organizações especializadas em prevenção e em tratamento. Propor que a empresa clarifique a sua política nesta área. Propor à empresa a organização de acções de informação e de formação para os trabalhadores.
Estas são só algumas ideias. Quisemos demonstrar que é possível. Agora estão nas vossas mãos. Força.
Textos: Dr. Paulo Vitória

Fonte:

http://home.dbio.uevora.pt/~oliveira/Dope/CML.htm

Drogas lícitas


São drogas que podem ser consumidas livremente sem expor o usuário ao risco com a policia e com a lei. Uma droga não deve ser avaliada pelo critério de legalidade ou ilegalidade, pois isso não tem nada haver para com os prejuízos que trazem à saúde, de forma que o cigarro e as bebidas alcoólicas são drogas que geram sérios danos diretos à saúde de seus usuários e indiretos a seus familiares e nem por isso são ilícitas. Em todo o mundo o consumo de drogas licitas é maior do que o de drogas ilícitas. Exemplos de drogas lícitas: Álcool, cigarro, xaropes, remédios

A ameaça das drogas lícitas - como álcool e cigarro - à saúde é muito maior do que a ameaça das drogas ilícitas. A advertência é da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O primeiro relatório do órgão de saúde mundial sobre esse assunto mostra que a dependência de álcool e cigarros tem um custo muito maior para a sociedade do que de drogas ilícitas como cocaína e crack.
O relatório "Neurociência do Uso e Dependência de Substâncias Psicoativas" mostra que a dependência de drogas é um problema crescente, especialmente em países pobres que têm crescentes taxas de consumo de álcool e de fumo. Existem cerca de 200 milhões de usuários de drogas ilícitas em todo o mundo, o que corresponde a 3,4% da população mundial, de acordo com o relatório. As drogas ilícitas respondem por 0,8% dos problemas de saúde em todo o mundo, enquanto o álcool é responsável por 4,1% desses problemas e o cigarro responde por 4%.
As porcentagens são baseadas em um medida elaborada pela OMS que determinar os custos que as mortes prematuras e os anos vividos com deficiências acarretam à sociedade. O lançamento mundial do relatório foi feito no Brasil.
Os homens de países desenvolvidos estão especialmente vulneráveis aos problemas de saúde causados pelo tabagismo e alcoolismo. "Os problemas sociais e de saúde associados ao uso e à dependência do tabaco, do álcool e de substâncias ilícitas requerem uma grande atenção da comunidade mundial de saúde pública", disse o diretor-geral da OMS, Lee Jong-Wook, em comunicado.
O relatório também reconheceu ser difícil curar a dependência de drogas devido às alterações ocorridas a longo prazo no funcionamento do cérebro. "Como a maioria dos transtornos psiquiátricas, a dependência de substâncias pode não ter cura, mas a melhora na eficiência dos tratamentos disponíveis tem contribuído significativamente para a recuperação", afirma a diretora-assistente de doenças não transmissíveis e de saúde mental da OMS, Catherine Le Gales-Camus

Fonte:



terça-feira, 8 de julho de 2008

A cocaína e suas consequencias.



A cocaína é uma das substâncias extraídas das folhas da coca, o arbusto Erytroxylon coca, originário da região andina. Em 1862 o químico Albert Niemann conseguiu produzir em laboratório, a partir da coca, um pó branco – o cloridrato de cocaína, cuja fórmula química é 2-beta-carbometoxi-3betabenzoxitropano. A partir de 1880 a cocaína passou a ser empregada como anestésico local em cirurgias do nariz e da garganta, e depois como analgésico. Empregava-se também para combater vômitos e enjôos, através de poções. Nas últimas duas décadas do século 19, medicamentos patenteados contendo cocaína inundavam o mercado. Desde tônicos, ungüentos, supositórios, pastilhas expectorantes e até vinho com cocaína. No início do século a cocaína ainda podia ser comprada livremente, era um medicamento como outro qualquer. Recomendava-se apenas que o doente, depois de "medicado", permanecesse deitado por algumas horas... Só foi proibida tempos depois, quando os casos de morte pelo seu abuso começaram a assustar... Na década de 80 ela chegou a ser chamada de "caviar das drogas", em razão de seu consumo generalizado pelos endinheirados executivos americanos, os "yuppies". Em 1996, só nos Estados Unidos, havia 14 milhões de viciados em cocaína, que consumiam regularmente 400 toneladas da droga por ano. O que faz a cocaína ?
Como vício a cocaína é consumida na forma de cloridrato, sendo absorvida por via oral ou nasal. Chegando à corrente sangüínea a droga começa a atuar em três neurotransmissores cerebrais: a serotonina, a norepinefrina e, principalmente, a dopamina. Esses neurotransmissores é que permitem que um neurônio (célula nervosa) mande uma mensagem a outro, já que eles não se tocam. Num processo normal, a dopamina leva a mensagem de um neurônio a outro e depois é reabsorvida pela célula de origem. A cocaína impede essa reabsorção, obrigando a dopamina a continuar estimulando as células nervosas, gerando uma alta estimulação neurológica que leva o nome de "euforia cocaínica", com a conseqüente exaustão das reservas de neurotransmissores (Guardadas as devidas proporções, o processo é idêntico ao causado pelos antidepressivos tricíclicos. A cocaína também potencializa os efeitos dos neurotransmissores noradrenalina e serotonina). O corpo leva de 15 minutos a uma hora para metabolizar a droga. A cocaína não apenas impede a reabsorção do neurotransmissor, mas também destrói ou queima os receptores pós-sinápticos.
efeitos causados
O usuário pode apresentar sintomas psicóticos: irritabilidade e inquietação constantes, alucinações visuais aterradoras, desconfiança de tudo e de todos, delírios, crises de medo. No geral, há pelo menos 47 sintomas ou sinais catalogados decorrentes da intoxicação por cocaína em suas várias fases…
Outros pesquisadores catalogam ainda os seguintes sintomas ou sinais que a cocaína provoca: ansiedade, irritabilidade, violência, apatia, preguiça e letargia, comportamento compulsivo, problemas de concentração, confusão mental, problemas de memória, tremores (associados tanto com o uso quanto como o afastamento da droga), desinteresse nos relacionamentos com a família e com os amigos, extrema agitação, ataques de pânico, negligência pessoal, desconfiança de amigos, familiares, cônjuges e colegas de trabalho, estado psicótico semelhante à esquizofrenia paranóide, com delírios e alucinações. A cocaína causa nos usuários a diminuição da fadiga, da fome e da sensibilidade à dor. Grandes doses podem causar parada do coração e morte. Eventualmente provoca febre (devido à problemas respiratórios na inalação). É causa de infecções bacterianas do nariz e da garganta, boca seca, tosse, convulsões, tonturas, enxaquecas com diferentes graus de severidade, náusea, dores abdominais, insônia, hipertensão, hemorragia cerebral (quando a hipertensão rompe os vasos do cérebro), arritmia cardíaca, coagulações e infecções cardíacas. A longo prazo os efeitos são a dependência e lesões cerebrais. Há um adelgaçamento do córtex cerebral, devido provavelmente a uma isquemia microscópica nessa zona. As mucosas nasais ficam corroídas. A droga provoca perda de peso e alterações hormonais, 14% dos consumidores têm pelo menos uma crise convulsiva, independentemente da dose tomada. De acordo com um estudo, o fumante de pasta de cocaína passa por quatro fases distintas no consumo da droga; isso, naturalmente, se não morrer antes de "overdose":
1ª fase – Euforia cocaínica: excitação, hipersexualidade, inapetência, hipervigilância, instabilidade emocional, insônia.
2ª fase – Disforia cocaínica: angústia atroz, inapetência, insônia, indiferença sexual, apatia, tristeza, melancolia, agressividade.
3ª fase – Alucinose cocaínica: alucinações (visuais, auditivas, táteis, olfativas), excitação psicomotora, indiferença sexual.
4ª fase – Psicose cocaínica: ilusões paranóides, mania de perseguição, insônia, depressão, tentativas de suicídio e homicídio, alucinações (auditivas e olfativas), hipervigilância.
Os sintomas da 4ª fase são comuns entre usuários de grandes doses de cocaína, e mais ainda naqueles que fazem uso da associação álcool-cocaína. O dependente faz associação com outras drogas, como o álcool e tranqüilizantes, para contrapor efeitos excessivamente estimulantes da cocaína. Nos Estados Unidos e Europa é comum a combinação com opiáceos; os viciados "sobem" com a cocaína e "baixam" com a heroína, prática essa denominada de speed boinling. A overdose geralmente ocorre na fase inicial estimulatória de toxidade, (ataques, hipertensão e taquicardia) ou na fase posterior de depressão, culminando em extrema depressão respiratória e coma. Com a disseminação do uso endovenoso, existem riscos de coagulação do sangue com danos às veias, inflamação do fígado, inflamação da membrana que reveste a medula espinhal e o cérebro, alterações visuais, pupilas dilatadas, clarões de luz na visão periférica, perda do apetite, anorexia e perda de peso, padrões alternativos de prisão de ventre e diarréia, e dificuldade para urinar. A cocaína danifica o cérebro ao produzir um estreitamento dos vasos sangüíneos, que pode até ser fatal. Estudos mostraram que a cocaína afeta tanto a composição do sangue quanto os vasos por onde ele circula, aumentando os riscos de formação de coágulos. Há um aumento de 6% superior às concentrações normais. Isso significa que o sangue fica mais viscoso e circula com maior dificuldade por veias e artéria. A concentração de uma proteína conhecida como fator de Von Willebrand, ligada à coagulação sangüínea, também aumenta. A taxa supera em até 40% os índices normais num período de apenas meia hora. Essa situação persiste por quatro horas, aumentando drasticamente o risco de as plaquetas se acumularem nas paredes internas dos vasos e formarem coágulos. “É o mesmo que praticar uma roleta-russa. O estreitamento dos vasos carrega a arma, o espessamento do sangue coloca o gatilho em posição e o fator Willenbrand é o disparo”. Como resultado dessa combinação, os riscos de uma pessoa sofrer um infarto logo após o consumo de cocaína aumenta em 24 vezes. Derivados Em fins da década de 70 surgiu droga derivada da cocaína ainda muito mais poderosa e mortífera, e também muito mais barata: era o "crack". Sua popularização, porém, só se deu na década de 90. O crack é um derivado químico da pasta de cocaína, sendo oferecido na forma de pequenas pedras que são fumadas em cachimbos improvisados. Provoca intensa euforia e sensação de poder. A dependência é quase imediata: com cinco "pipadas" a pessoa já está viciada. Assim como a cocaína comum, o crack também atua bloqueando a reabsorção de um neurotransmissor, a copamina. Para os viciados em crack a droga passa a ser literalmente tudo em suas vidas. Muitos chegam a ficar procurando pelo chão alguma pedra perdida, seja onde for, e fazem qualquer coisa para obter dinheiro e conseguir aplacar a necessidade de consumo. Começam vendendo tudo o que é seu ou de seus parentes, depois passam a roubar e se prostituir, e por fim matam se for necessário. O viciado se degrada tão profunda e rapidamente, e de modo tão visível, que, ao contrário do que acontece com as outras drogas, ele tem plena consciência que a sua transformação é devida ao crack. Em fins de 1997, descobriu que o entorpecente mais procurado na capital do país era um novo tipo de droga obtida da pasta da coca: a "merla". Em laboratórios improvisados de Brasília, a pasta vinda da Bolívia, Colômbia e Peru é "enriquecida" com ácido sulfúrico, querosene, gasolina, benzina, metanol, cal virgem, éter e pó de giz. De acordo com uma pesquisa realizada na época, 68,7% dos usuários de merla roubavam para poder sustentar o vício, 17% se envolviam com o tráfico para poder adquirir a droga e 20,5% haviam tentado se matar para fugir da síndrome da abstinência ou da depressão causada pelo uso continuado. A merla destrói grande número de neurônios (células cerebrais), prejudica a memória e a coordenação motora, podendo causar hepatite tóxica e fibrose pulmonar e, assim como a cocaína, provoca taquicardia e em casos extremos até parada cardíaca.
"O vinho de coca, uma preparação feita à base da planta, foi considerado durante muito tempo uma bebida reconstituinte e reconfortante, que dotava os apreciadores de novas energias. Foi um verdadeiro modismo, elegante mesmo, o uso desse vinho. As mais altas autoridades da Europa, príncipes e reis, primeiros-ministros, nobres, etc., eram os principais apreciadores. Houve até um papa que agraciou com uma medalha o principal fabricante desse vinho."
"A guerra contra as drogas acabou. As drogas venceram." Este o título de um artigo publicado no jornal The Washington Post por Patrick Murphy, ex-chefe de polícia da cidade de Nova York. Segundo Patrick, "o comércio de drogas é hoje um dos mais bem sucedidos empreendimentos, com lucros que podem chegar a US$ 150 bilhões neste ano [1995]."
A DROGA PRODUTIVA
Tudo começou com a fome.
Os índios andinos, quando expostos à fome e ao cansaço, para diminuir essas sensações desagradáveis, aprenderam a mascar uma espécie de chiclete, feito de folhas de coca misturadas com cal (óxido de cálcio), obtida de conchas marinhas. A cal ajuda a liberar a cocaína das folhas, e reduz o sabor amargo delas.
Embora esse tipo de uso date de milhares de anos, até hoje se discute se, ingerida assim, a coca induz ou não dependência e tolerância, se os nativos dos Andes, que usam a droga desse jeito, devem ou não ser considerados viciados.
Levada para a Europa pelos conquistadores espanhóis, a coca foi elegantemente usada nos salões da época, sob a forma de vinho, considerado revigorante e reconfortante.
Quando, em 1857, um químico alemão conseguiu isolar a cocaína, que é o princípio ativo da droga, o poderoso pó branco atraiu o interesse da comunidade científica, seduzida pela possibilidade de estar diante de uma substância com propriedades medicinais inéditas, que poderia mitigar males até então incuráveis.
Freud, no final do século passado, participou de pesquisas com a cocaína, acreditando que ela poderia servir de cura para a depressão. Ele próprio chegou a usar a droga, da qual passou a ser um adepto entusiasmado, até que um amigo íntimo, que tinha usado a cocaína por indicação dele, apresentou sintomas de um quadro psicótico.
Nessa época, a droga era vendida livremente em restaurantes e cafés, e entrava na composição de muitos tônicos e remédios, ainda que isso nem sempre fosse declarado em rótulos e bulas.
Quando a Coca-Cola foi lançada nos Estados Unidos, em 1888, sua propaganda anunciava que ela continha um "marcante agente terapêutico, capaz de aliviar a dor de cabeça e a fadiga". Parece que a primeira fórmula da bebida incluía uma certa dosagem de cocaína, mas esta foi retirada depois que se fez uma lei, naquele país, tornando obrigatória a apresentação, na embalagem, de todos os ingredientes dos alimentos e remédios colocados à venda.
No começo do século, a cocaína era usada em medicina, sob a forma de pomada ou ungüento de xilocaína, como um anestésico local, de mucosa, para pequenas cirurgias do ouvido, nariz, gengivas, garganta, reto e vagina. Sua ação se fazia sentir, no local, depois de um minuto, e o efeito perdurava por aproximadamente duas horas.
Na década de 40, a xilocaína foi substituída pela procaína, substância sintética que tinha as mesmas propriedades anestésicas, mas era menos tóxica, além de não ser viciante. Atualmente, a lidocaína tomou o lugar da procaína, por ser mais facilmente metabolizada e ter menos efeitos colaterais.
Entretanto, a substância ativa só é absorvida por mucosas, não penetra pela pele. Assim, usar pomada de xilocaína ou lidocaína para arrancar sobrancelhas sem dor é conversa fiada, só pode ter efeito psicológico.
COMO UM ESTIMULANTE FUNCIONA COMO ANESTÉSICO ?
É que a cocaína atua através de dois mecanismos diferentes. O efeito estimulante resulta da ação da droga sobre as sinopses, o espaço entre dois neurônios, enquanto o efeito anestésico ocorre dentro dos neurônios, onde a cocaína dificulta a passagem do estimulo. Com isso, a propagação do impulso nervoso fica interrompida e a mensagem com a informação sobre a dor fica pelo caminho, isto é, não consegue atingir o cérebro.
E o pó ?
Quando injetada ou aspirada, sob a forma de pó, a cocaína tem sobre o cérebro o efeito de um estimulante típico: ao bloquear a reabsorção de neurotransmissores, depois que esses são liberados nas sinopses, a droga faz com que a ativação do sistema nervoso se mantenha por mais tempo. uso repetido, dentro de um curto período, pode provocar convulsões.
Houve surtos de uso ilegal da droga, no início do século, no Brasil e no mundo. Depois, a cocaína foi sendo gradativamente abandonada e seus usuários passaram a preferir as anfetaminas, que podiam ser compradas em farmácias, o que era mais fácil do que cair nas mãos dos traficantes. Além disso, por serem sintetizadas em laboratórios) as anfetaminas são mais seguras e podem permitir um controle melhor da dosagem consumida.
Entretanto, na década de 80, houve um retorno ao vício antigo. Em 1985 (último ano cujos dados foram publicados), foram consumidas, nos Estados Unidos, 72 toneladas de cocaína.
No Brasil, em 1987, numa clínica especializada no tratamento de dependentes de drogas, no interior de são Paulo, 63% dos pacientes internados tinham usado cocaína. E há sinais claros de que, entre estudantes brasileiros, a escalada continua.
A DROGA DOS MIL E UM CAMINHOS
A cocaína é muito versátil, quanto à forma de consumo. O chá, preparado com as folhas de coca, ainda é usado. No Peru, existe até o Instituto Peruano de Coca, semelhante ao extinto Instituto Brasileiro do Café, que controlava a autenticidade do produto. Em alguns hotéis, o chá de coca é servido como ritual de boas-vindas.
Entretanto, nessa forma de ingestão, pouca cocaína passa para o sistema nervoso. A quantidade de droga contida no chá é mínima, e essa, ao ser absorvida no intestino, entra no sangue e é quase toda destruída no fígado e não chega ao cérebro.
A cocaína se presta a fazer chá por ser solúvel em água. Ora, essa mesma propriedade é que lhe confere a versatilidade quanto ao modo de usar: pode ser inalada (pois se dissolve na umidade da mucosa nasal), injetada (forma pela qual chega mais depressa ao cérebro), colocada debaixo da língua (de onde é absorvida pelos vasos sangüíneos dessa área) ou fumada (sob a forma de crack).
A COCAÍNA EM PÓ, QUE MAL FAZ ?
Cada uma das vias pelas quais se consome a cocaína produz efeitos ligeiramente diferentes, quanto à intensidade e duração. Mas a sensação provocada é a mesma: euforia rápida e intensa, indiferença à dor e ao cansaço, diminuição da fome, excitação, insônia.
Experiências feitas com ratos, que recebiam cocaína cada vez que acionavam uma alavanca, mostraram que os animais preferiam receber a droga a se alimentar ou beber água. Em alguns casos, eles continuaram a pressionar a alavanca para receber cocaína até a morte, sob o efeito de violentas convulsões
QUEM USA COCAÍNA ?
Por seus efeitos, essa droga seria ideal para escravos, já que permite que a pessoa trabalhe muito, comendo pouco e dormindo menos ainda. Assim, ao contrário da maconha, que, quando foi introduzida, era um símbolo da contestação à autoridade, a cocaína é a droga escolhida por aqueles que estão engajados na ideologia do Sistema, na luta pelo sucesso nessa sociedade competitiva.
Seus efeitos estão muito próximos do ideal de sucesso e de bem-estar em nossa cultura: o prazer rápido e intenso, a sensação de poder, a superação das necessidades e contingências que nos fazem humanos, como a fome, o cansaço, a tristeza.
Não é por acaso que essa é a droga predileta dos jovens executivos que procuram o caminho do sucesso. Sob seu efeito, parece que fica mais fácil tolerar as regras do jogo do poder, mantendo, ao mesmo tempo, a sensação de que se está acima de todas essas coisas pequenas e mesquinhas.
A cocaína dá realce ao super-homem que habita cada um de nós. Só que não reforça o lado justiceiro e protetor do personagem: ela amplia apenas a sensação de poder. Pelo menos, enquanto dura seu efeito. Quando ele passa, surge um Clark Kent ainda menor, mais enfraquecido, mais tímido.
ELIXIR DA FELICIDADE ?
Há, porém, o reverso da medalha. A pessoa que usa a droga tende a ficar irritadiça, ranzinza, agressiva, e pode cair numa depressão tão profunda que às vezes leva ao suicídio.
Existe até um quadro psicótico típico, provocado pela droga (do qual foi vítima o amigo de Freud), caracterizado por explosões de raiva e surtos de violência. Na maioria das vezes, as perturbações perduram por algumas horas ou alguns dias, mas existem casos em que essas condições voltaram a aparecer muito tempo depois, mesmo sem o uso da droga. Embora sejam raros, existem casos em que essas perturbações se tomaram permanentes.
MAS A COCAÍNA VICIA OU NAO VICIA ?
Embora seja comum o usuário de cocaína tomar doses repetidas, cheirando, aspirando ou injetando cocaína até a exaustão (como os ratinhos da experiência), não está comprovado que o uso da droga leve ao desenvolvimento de tolerância.
A obsessão em repetir a experiência parece estar mais ligada ao fato de que a sensação de prazer é, ao mesmo tempo, intensa e efêmera, isto é, desaparece quase imediatamente. É como se, o tempo todo, o sujeito vislumbrasse o paraíso, sem jamais conseguir penetrar nele.
PERIGO !
Não há nenhum sentido em alimentar a polêmica entre os que garantem que a droga é altamente viciante e os que apresentam dados muito confiáveis para demonstrar que ela não desenvolve tolerância nem dependência física.
No caso da cocaína, o mais importante não é isso. O que faz com que ela seja uma droga especialmente perigosa é a freqüência com que provoca acidentes fatais - muitas vezes numa única experiência.
Se a dose tomada de uma só vez for alta, pode desencadear convulsões. A pressão arterial pode subir rapidamente, acompanhada de taquicardia, o que sobrecarrega o coração, provocando a fabricação ventricular, condição extremamente grave que muitas vezes leva à morte, se não houver socorro imediato.
O exagero da dose pode ser proposital - na ânsia de repetir vezes sem conta a sensação prazerosa, a pessoa perde a mão - ou pode ser acidental, quando o pó tem um grau de pureza maior do que o costumeiro. As pessoas acreditam, erroneamente, que a dosagem é determinada apenas pela quantidade de pó aspirado, esquecendo-se de que isso depende
EFEITOS COLATERAIS
Além dos efeitos provocados diretamente pela bioquímica da cocaína, há outros, ligados à maneira como a droga é consumida. Assim, a aspiração pode resultar, a longo prazo, em feridas no interior do nariz e na garganta, sinusite, rouquidão e, ocasionalmente, ruptura da cartilagem do nariz.
O hábito de injetar cocaína deixa o usuário exposto aos riscos de contaminação, já que, nessas situações, o processo de esterilização da agulha é negligenciado. As pessoas costumam partilhar a mesma seringa e, às vezes, até a mesma agulha, no afã de aproveitar a droga. Isso abre uma porta para as infeções que se transmitem pelo sangue, como hepatite, malária, endocardite ou AIDS.
COQUETÉIS MORTAIS
A cocaína é a campeã das combinações explosivas. É claro que a perda de controle induzida pela droga pode levar a pessoa a perder a mão em tudo: na agressividade, na conversa, na bebida. A intromissão do álcool no circuito da cocaína pode ter um efeito devastador, inclusive por motivos fisiológicos. Tanto o álcool quanto a cocaína são metabolizados no fígado, mas, se ambos estiverem presentes na circulação sangüínea, o álcool é metabolizado primeiro, e a cocaína pode, então, ficar circulando, sem transformações, por um tempo maior, o que toma seu efeito muito mais perigoso, principalmente sobre o coração.
Outra mistura perigosa é de cocaína e maconha, pois seus efeitos sobre o músculo cardíaco são antagônicos: uma é estimulante e a outra é relaxante.
E AINDA PODE SE LEVAR GATO POR LEBRE
Como a cocaína é uma substância cara, é comum os traficantes acrescentarem diferentes pós brancos, de consistência semelhante à dela. Alguns desses aditivos são inocentes e só fazem atenuar o efeito da droga (o açúcar, o talco e o bicarbonato de sódio são aditivos freqüentes). Mas há outros aditivos que podem ser perigosos, como o pó de vidro, de mármore ou de lidocaína.
Os testes para determinar o grau de pureza da cocaína não são tão simples como o cinema insiste em mostrar e as condições em que se dá a compra desse material geralmente não favorecem o exame detalhado da mercadoria, de modo que esse risco adicional faz parte do jogo.
E os traficantes não costumam aceitar reclamações posteriores, nem devolução de mercadoria. Aliás, não são nem mesmo encontráveis, depois de terem entregado uma mercadoria que tenha provocado um acidente. Insistir em encontrá-los pode provocar novos acidentes, quase sempre fatais.
NÃO FUJA DA RAIA
Uma overdose de cocaína é uma emergência perigosa, muitas vezes fatal. Os acidentes são mais comuns do que se acredita. Apesar do estardalhaço que a imprensa faz com alguns casos, a maioria das mortes por overdose de cocaína não chega aos noticiários. Mesmo para os amigos e parentes, a família costuma atribuir essas mortes a parada cardíaca, de origem desconhecida.
Então, numa emergência, o socorro tem de ser imediato e especializado. Não hesite em procurar ajuda médica, em levar o amigo para um pronto-socorro. Ao contrário do que se diz, o médico não tem obrigação nenhuma de notificar casos de overdose à polícia. Na verdade, você tem o direito de exigir anonimato: o médico está preso ao compromisso de sigilo que cobre seu trabalho.
No caminho para o hospital, procure manter a pessoa calma, mas acordada.
ENXERGUE UM PALMO DIANTE DO NARIZ
Entre um nariz e uma fileira de pó estão coisas que ninguém quer ver, que as pessoas insistem em fingir que não existem ou que não têm nada a ver com elas.
Estou falando das coisas que qualquer um ajuda a sustentar, quando compra um grama de pó. Estou falando do submundo que vive da droga, que depende desse comércio e é sustentado por ele: os cartéis e assassinatos, os campos de pouso clandestinos e as queimadas das florestas. Estou falando de violência, de destruição, de miséria - de males contra os quais lutamos, levantamos bandeiras, fazemos passeatas e fundamos partidos políticos.
Quem compra um grama de cocaína está, na verdade, colaborando com toda essa rede de iniqüidades. Mas as pessoas tentam se convencer de que não têm nada com isso.
Como os que continuam achando que é um grande negócio comprar um toca-fitas de carro, baratino, sem nota fiscal, nem nada. Se calhar, estão até comprando o mesmo aparelho de som que tinha sido roubado de seu carro ainda outro dia.


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